COMPANHIA DO SORRISO

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Fichamento 5

Alerta à resistência antibiótica em periodontia.

Ricardo Takiy SEKIGUCHI a, Cassia Tiemi FUKUDA a, Carla Andreotti DAMANTE b,Giorgio DE MICHELI c, Roberto Fraga Moreira LOTUFO c

a- Pós-graduando, nível Mestrado, Disciplina de Periodontia, Faculdade de Odontologia, USP;
b- Pós-graduando, nível Doutorado, Disciplina de Periodontia, Faculdade de Odontologia, USP;
c- Doutores, Disciplina de Periodontia, Faculdade de Odontologia, USP.

Revista de Odontologia da UNESP. 2007; 36(4): 299-304

Entende-se por resistência bacteriana a drogas, a capacidade herdada ou adquirida que permite que um micror­ganismo sobreviva na presença de determinado antibiótico.”

“No Brasil, o uso de remédios em geral, cresce cada vez mais devido aos hábitos de automedicação da população. Tal hábito se deve historicamente à falta de fiscalização e repressão à venda de medicamentos sem prescrição3. Deve-se ainda ao despreparo de alguns profissionais da área de saúde e à dificuldade que a população enfrenta para obter algum tipo de tratamento. A realidade brasileira faz com que seja mais fácil usar o mesmo remédio recomendado a parentes e amigos a enfrentar as longas filas dos hospitais públicos para conseguir uma simples consulta.”

“Dados nacionais sobre a determinação dos padrões de susceptibilidade e, conseqüentemente, da resistência bacteriana são escassos. [... ] reflete a ausência de dados nacionais sobre o crescente aumento de bactérias resistentes aos antibióticos, principalmente na Odontologia.”

“A descoberta da penicilina por Alexander Flemming em 1928 revolucionou a história da medicina. Porém, logo após, descobriu-se que alguns microrganismos eram resistentes a essa substância.”

A resistência “ocorre basicamente devido a três mecanismos de aquisição de resistência an­timicrobiana: intrínseca, mutante e por meio de aquisição horizontal de material genético de outra bactéria.”

“O primeiro mecanismo implica no fato da resistência ser herdada, ou seja, é característica da espécie.[...] O segundo mecanismo, a mutação, é raro. Entretanto, a modifi­cação em um único nucleotídeo do DNA bacteriano é capaz de desencadear o processo de resistência. [...] A aquisição de material genético pode se dar por transformação, transdução ou conjugação.”

“O conhecimento dos mecanismos de resistência bac­teriana é de extrema importância para a compreensão e a correta medicação.”

Fatores que contribuem para a resistência

Os principais fatores que contribuem para a resistência antibiótica são: uso generalizado na agricultura e na medi­cina veterinária, deficiência na cooperação do paciente, uso desnecessário e aspectos sócio-econômicos em países em desenvolvimento.”

A cooperação do paciente é fator chave para a pro­blemática da resistência, pois o período ou freqüência da ingestão do medicamento é dificilmente controlado pelo profissional.”

“Alguns profissionais receitam sem prescrição e o paciente nesse caso não possui nem o acesso à informação correta. Esses erros na ingestão comprometem a meia-vida do medicamento, podendo resultar na resistência ao antibi­ótico. Outro aspecto seria o fato do uso desnecessário, que a “Aliança para o Uso Prudente de Antibióticos” (APUA) destaca.”

O que está sendo realizado para controlar a resistência antimicrobiana?

No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) iniciou uma campanha em 2003 com o objetivo de controlar a disseminação da resistência microbiana em serviços de saúde no país, por meio do conhecimento do perfil de resistência microbiana e adoção de medidas de prevenção e controle.”

Resistência antibiótica na periodontia

“No Reino Unido, a comunidade odontológica é res­ponsável por 7% das prescrições antibióticas realizadas. Apesar dos profissionais aprenderem na graduação que a maioria das infecções orais pode ser tratada por via mecânica e/ou cirúrgica sem o uso de antibióticos, dentistas prescrevem milhões de antibióticos por ano.”

“Antibióticos prescritos por dentistas são freqüentemente utilizados para tratamento de outras infecções não relacio­nadas com a cavidade bucal. Por exemplo, o metronidazol, prescrito em alguns casos de periodontite agressiva, é usu­almente indicado como coadjuvante no tratamento médico de giardíase, amebíase e vaginites. Tal fato pode resultar em futura seleção natural para a resistência antimicrobiana.”

“[...] a prescrição de antibióticos para infecções dentárias não é exclusividade dos dentistas, outros profissionais realizam tal prescrição, resultando no aumento da seleção natural para a resistência antimicrobiana.”

“Na última década, os antibióticos comumente prescritos na Periodontia, como a penicilina e a tetraciclina, têm demonstrado nítido aumento na resistência antimicrobiana. A explicação mais plausível seria a cres­cente eliminação das bactérias susceptíveis e surgimento de bactérias resistentes.”

Quando e como usar antibióticos na periodontia?

A possibilidade de erradicar ou suprimir os periodontopató­genos da boca poderia reduzir o risco de uma recolonização subgengival e de uma futura atividade da doença.”

“Devemos prescrever antibióticos específicos a cada tipo de microorganismo presente na bolsa. Devemos considerar as características do paciente e situações de perda de inserção contínua, apesar da remoção mecânica do biofilme.”

“Os benefícios do uso de antibioticoterapia sistêmica para tratamento de doença periodontal crônica são controversos na literatura e ainda não se tem uma posição definida a esse respeito.”

“É imprescindível o aumento da freqüência do uso de antibiogramas a fim de que os profissionais obtenham o perfil de susceptibilidade antimicrobiana e não realizem a prescrição de forma aleatória, optando por antibióticos de amplo espectro.”

“A educação é vital, inclusive como auxi­liar na resolução dessa problemática. Os cursos de graduação e pós-graduação deveriam enfatizar o tópico a fim de reduzir o uso empírico e indiscriminado de antibióticos, a dissemi­nação e o impacto da resistência antibiótica no futuro.”

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