COMPANHIA DO SORRISO

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Fichamento 1

Diabete e Periodontite: a hora e a vez da medicina periodontal

  • Mário Augusto Brondani  ( brondani@interchange.ubc.ca )
    Cirurgião dentista, mestre em Gerontologia by IGG – Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS, PhD student at Faculty of Dentistry, Department of Oral Biology
·         Adriana Rigo Brondani
Fonoaudióloga, especialista em linguagem
·         Ângelo José Gonçalves Bós
Médico, geriatra, PhD

“À luz do início das últimas décadas, a revolução nas diversas áreas da medicina, seja a exemplo da antibiótico-terapia, seja das técnicas cirúrgicas, influenciaram positivamente no sentido de um envelhecimento mais amplo da população. Em decorrência disso, estamos vivendo mais. Entretanto, doenças crônicas presentes no envelhecimento ainda conferem uma alta morbidade e mortalidade ao idoso, sem falar na diminuição da qualidade de vida.”

“A cavidade bucal do idoso, por exemplo, passa a apresentar uma alta incidência das doenças, cárie (destruição dos tecidos duros dos dentes) e periodontal (destruição dos tecidos de sustentação dos dentes). Igualmente o organismo como um todo passa a desenvolver inúmeras doenças crônico degenerativas sistêmicas, a exemplo da diabete e doença de Alzheimer. Entretanto, tais patologias não têm como causa o processo de envelhecimento em si, mas se apresenta idade-relacionada.”

“A associação entre doença periodontal e diabete. Sendo ambas patologias altamente incidentes nos idosos, já existe uma grande aceitação de uma influência negativa dessa sobre a periodontite.”

Diabete
Basicamente, a diabete mellitus pode ser definida por três sintomas: polidipsia, poliúria e polifagia. Os mesmos podem ser causados seja pela tolerância alterada à glicose, seja pelo metabolismo alterado de lipídios e carboidratos. Constitui ainda a principal perturbação homeostática glicêmica. É resultante da insuficiência relativa ou absoluta de insulina, resultante tanto pela baixa produção desta pelo pâncreas como também pela falta de resposta dos tecidos periféricos à insulina.”

Diabete mellitus tipo 1: 10% dos casos. Geralmente acomete indivíduos jovens, [...]maioria dos pacientes são magros, dependem da insulina para seu controle metabólico.”

Diabete mellitus tipo 2: 90% dos casos. [...] Inicia após os 40 anos, onde a maioria dos pacientes é obesa e o controle glicêmico dá-se pela dieta, exercícios físicos e hipoglicemia oral. Geralmente são estáveis.”

Doença periodontal
“O papel da placa bacteriana como principal fator etiológico da doença periodonatl é bem evidente. O seu acúmulo sobre dentes e próteses e na região subgengival leva à formação do tártaro dental. A junção entre placa bacteriana e tártaro leva à formação de bolsas periodontais, junto à raiz do dente e, consequentemente, à perda óssea alveolar. Deixada ao seu curso, a doença periodontal ou periodontite acarreta a perda do dente, bem como uma perda óssea alveolar.”

Essa patologia evolui, ao contrário do que se pensava anteriormente, não de maneira lenta e gradual, mas por meio de surtos de atividade periodontal destrutiva. Entretanto, devido a diferentes graus de susceptibilidade (fatores de risco específicos próprios) entre diferentes indivíduos e entre dentes de um mesmo indivíduo, poderemos encontrar variações (11). Atualmente, parecem ser as periodontites moderadas não tratadas as que oferecem os maiores riscos à saúde geral.”

“Os trabalhos de Genco e Grossi mostram que a doença periodontal severa pode coexistir freqüentemente com o diabetes melito severo, e que o diabetes é um grande fator de risco para a doença periodontal severa, constituindo assim uma mão dupla de interferência.”

“Cohen e Friedman, através de um estudo longitudinal de 3 anos concluíram que os indivíduos com diabete tipo II apresentam uma maior dificuldade cicatricial conjuntamente com um aumento da sensibilidade a várias complicações.”

“Um estudo clássico realizado entre os índios Pina, uma população que apresenta uma alta prevalência de diabete tipo 2 entre seus membros, mostrou que aqueles pacientes diabéticos apresentavam sempre uma maior incidência de periodontite, com correspondente maior inflamação gengival.”

“Oliveira e Carvalho estudaram dois grupos de pacientes: um com bom controle glicêmico da diabete e outro com um controle precário. Apesar de não terem encontrado diferenças significativas entre os grupos, aqueles com controle precário apresentaram maior intensidade e severidade da doença periodontal.”

“O controle metabólico glicêmico do paciente diabético favorece a uma melhora na recuperação do tratamento periodontal, bem como de sua severidade. Trabalhos científicos têm corroborado com esta afirmativa. A hiperglicemia é o principal fator complicador da diabete, uma vez que leva a formação de proteínas quimicamente irreversíveis e de difícil degradação. Em conseqüência, essas proteínas acabam por acumularem-se nos tecidos, afetando a migração e a capacidade das células de defesa.”

“Tem-se afirmado que o tratamento periodontal, quando precedido da administração sistêmica de antibióticos, melhora o controle glicêmico metabólico dos pacientes, uma vez que a presença de infecções em diabéticos aumenta a resistência à insulina, agravando a condição da doença.”

“Em termos gerais, as diferentes especialidades das ciências da saúde, em especial a medicina e a odontologia, devem estreitar relações profissionais, principalmente quando diversas patologias de ambas as áreas podem estar relacionadas e necessitando de uma abordagem multifatorial e interdisciplinar.”

“Já que a periodontite e a diabete podem caracterizar uma via de mão dupla, influenciando-se não apenas em seus cursos, mas também em seus tratamentos, pesquisas nessa área são sugeridas. Embora não se compreenda totalmente o processo biológico e químico que pode envolver tais patologias, provavelmente a maior sensibilidade à infecção, a resposta modificada do organismo e a excessiva atividade destrutiva do colágeno podem estar relacionadas.”

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